Hospital Jean Bitar oferece serviço de ambulatório para transgêneros

(3/3/2021) – Com o objetivo principal de oferecer cirurgias de redesignação sexual, o Ambulatório de Transgêneros do Hospital Estadual Jean Bitar (Belém/PA) atende pessoas que apresentam disforia (incômodo) ou incongruência de gênero, ou seja, uma incompatibilidade entre a identidade de gênero e o sexo que lhe foi atribuído no nascimento. A unidade também auxilia e incentiva a formação de endocrinologistas residentes com experiência neste tipo de atendimento.

Segundo a coordenadora do Ambulatório, a endocrinologista Flávia Cunha, os indivíduos trans que não recebem apoio, acolhimento e o tratamento que precisam constituem um grupo de elevado risco para complicações psicológicas. “Tentativas de suicídio, automutilação, depressão e transtornos psiquiátricos ocorrem, na maioria das vezes, por apresentarem a incongruência de gênero e não terem como realizar o tratamento”.

“Este ambulatório reduz essas condições e abre mais oportunidades de acolhimento para transgêneros”, afirma a endocrinologista Flávia Cunha. 

O Ambulatório de Transgêneros foi criado em 2017, de forma inovadora na região Norte, para descentralizar atendimentos para pessoas trans fora de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás. 

A Unidade compreende atendimentos de endocrinologia com acompanhamento psicoterápico e hormonioterapia; serviços de cirurgia plástica (acompanhamento pré e pós-operatório) para colocar próteses mamárias de silicone das mulheres trans e mastectomia masculinizadora para os homens trans; serviço de ginecologia que realiza cirurgia de histerectomia e salpingo-ooforectomia bilateral (retirada de útero, ovário e trompas) dos homens trans, além do acompanhamento psiquiátrico. 

“O acompanhamento não é só hormonal, é uma rede de apoio completa. Melhorou muito a minha vida”, ressalta Melissa Costa. Cerca de 50 pacientes são cadastrados no Ambulatório e 17 cirurgias do processo transexualizador já foram realizadas até fevereiro de 2021. 

“Eu nasci com o sexo masculino, mas desde criança sempre me reconheci como mulher. Com o passar do tempo isso só foi ficando mais claro e forte dentro de mim. Eu comecei a transição hormonal com 18 anos sem nenhum acompanhamento médico. Sofri, arrisquei minha saúde e agora sou muito feliz em ser acompanhada pelo Ambulatório de Transgêneros do Jean Bitar e, por saber, que outras pessoas trans podem ser acolhidas e não precisarão passar pelo que eu passei”, explica Melissa Costa, 37 anos.

Os atendimentos do Ambulatório não funcionam como porta aberta. Os pacientes são encaminhados da Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais (URE Dipe) após um primeiro acolhimento por uma equipe multidisciplinar e do tratamento inicial, que dura, no mínimo, em torno de dois anos de acompanhamento e de preparação antes da submissão a procedimentos cirúrgicos.

(Informações: Agência Pará / Secom – Giovanna Abreu / Foto: Pedro Guerreiro).